A doutrina espírita, compreendida em termos amplos e no contexto das três revelações, foi construída historicamente através da escrita. Das dez tábuas de Moisés ao Apocalipse de João, da pneumatografia à psicografia intuitiva, da codificação aos estudos sistematizados, o conhecimento dos Espíritos Superiores tem se manifestado através dos mais variados gêneros textuais. Em vista disso, é comum que o leitor surpreenda-se com a proposta de um livro de desenhos. No entanto, deve-se destacar uma realidade que, aqui, revelar-se-á, inconteste: inobstante a ausência de palavras, as ilustrações de Daniel De Leon falam muito. Qualquer esforço que se dedique à expressão do amor, da bondade, da felicidade, da paz, da esperança, da fé, e de outros tantos atributos espirituais de Jesus, de Kardec e de Chico Xavier, precisa articular muitos instrumentos que viabilizem dizer o que é indizível. E quando não há vocábulos, nem frases, nem expressões, nem sentenças, nem versos capazes de demonstrar a beleza dos sentimentos daquilo que é divino, significa que é chegado o momento de abrir as portas para outras modalidades artísticas porque só a arte, na busca incessante pela harmonia e pela beleza, é suficientemente forte para romper com as barreiras da matéria e incutir no pensamento, que é o espírito encarnado, um momentâneo vislumbre da essência de Deus.